Há muito tempo deixei de postar no meu blog. Não que eu o tenha abandonado. A questão é falta de vontade mesmo. Andei turistando e estudando pelos Estados Unidos numas aventuras para descobrir novas coisas, pessoas, cores, sabores, cheiros etc. Enfim, dar novidades para os olhos e aprender um pouco forçando meus limites para além do familiar. Acontece que não foi muito fácil permanecer lá: Tive problemas para sacar meu dinheiro, procura de moradia e outras coisitas mais. Me envolvi com um monte de coisas e fui deixando os posts para depois. Moral da história? Meses sem postar.
Para sacudir a preguiça e atiçar a caneta nada melhor do que um assunto que mexe com nossa cabeça e revolve o coração. Ando ouvindo um estranho grito de guerra, um farfalhar nervoso das palavras " redução, maioridade e penal". Tenho notado que a medida conquista adeptos empolgados. Eles postam no face book, levantam cartazes nas ruas, comentam nos ônibus, bares. Aliás, não só falam como agem. Tanto, que a tramitação da lei já até passou pela CCJ da Câmara. Segundo
os argumentos a favor da redução, ela vai colaborar fortemente para a solucionar a violência no Brasil, porque um percentual significativo de crimes são cometidos por menores de 18 anos. Olha, não leva a mal não, mas esse tipo de medida é que entra como uma faca na minha barriga.Não vou reivindicar a candura de um anjo para alguém que comete um crime. Também não nasci ontem e estou ciente de quanta loucura o ser humano é capaz . De modo que sou contra a redução da maioridade penal não porque esteja fechando os olhos para o crime ou seja insensível ao drama da vítima.Muito ao contrário, acredito que uma opinião consequente tem que lançar o olhar para o contexto da violência no Brasil.
O que precisa esse país dilacerado pela fome, rasgado pelo analfabetismo, embotado pela escravidão, vampirizado pela corrupção, assolado por doenças, dominado pela ignorância e falta de informação? O que fazer com esse imenso país atravessado de norte a sul e de leste a oeste pelos desmandos e desleixos de seus governantes e pela desorientação de seus habitantes? Nem me aventuro aqui a fazer uma lista de medidas necessárias para o Brasil se tornar um país razoável, senão o post não termina nunca.
Eu só pediria às pessoas modernas, letradas e evoluídas que dessem uma olhadinha em quanto conhecimento a humanidade do século XXI já pode agregar a sua vida: Ciências sobre a sociedade, doutrinas e sistemas filosóficos, as várias modalidades de direito, medicina em suas várias especialidades, psicologia, pedagogia e muito mais. Estranho que certas pessoas nem cogitem desse progresso quando se trata de resolver os problemas da sociedade brasileira. Quer dizer, o Brasil é um país que precisa de tudo e simplesmente tudo está por fazer. Não é mais lógico partir para fazer um país? Não acho equilibrado proceder a um investimento pesado na punição quando a organização, a prevenção e a educação são praticamente inexistentes.
Não acho que se deva ignorar a culpa e a responsabilidade de cada um nos seus atos criminosos, mas no equacionamento, prevenção e combate à violência a questão social é de inegável importância. Se os crimes cometidos por crianças e adolescentes provocam indignação, por que a mesma indignação não vem à tona no caso das crianças jogadas no meio da rua e vendendo bala nos sinais? E sobre crianças espancadas e estupradas? E crianças pobres que ficam vagando pela favela quando os pais precisam trabalhar o dia inteiro? E as que sofrem assédio do tráfico de drogas? E as que são assassinadas pelas vielas e até nas salas de aula? Tudo isso me leva a crer que os partidários da redução da maioridade penal pensam mais ou menos assim: Os desequilíbrios sociais podem até existir, contanto que não me atinjam. Uma pergunta eu gostaria de lhes fazer. Acaso estão se referindo a todo e qualquer criminoso, não importando de que classe social venha? Pelo tanto que eu tenho ouvido e lido a palavra pivete, não sei não...