Alguém postou no mural do facebook a foto de uma criança vítima de inanição. Sem ter forças para ficar de pé ou sentar-se, estava deitada no chão. A subnutrição atrofiando-a rudemente. Toda a graciosidade infantil vilipendiada e abandonada ali na paisagem como se fosse um graveto sem importância.
Momento difícil ver esta cena, constatar que a fome é um verme a roer as vísceras de nossos pobres modelos de organização sócio econômica.
Não sou de culpar governos. Aliás, não culpo ninguém, porque procurar culpados não melhora nada, não alimenta ninguém, não cura a doença. Culpa é venenoso e tóxico e só contribui para agravar o problema. Não sou amarga ,mas as cruas imagens que ilustram as distorções que andam soltas pelo planeta, me deixam desnorteada. Esta sensação desagradável, mesmo sendo momentânea, é bem difícil. fico dividida entre um pueril acesso de indignação ou a atitude escapista de fechar os olhos e fingir que não vi o que vi. Como é difícil para mim, que adoro imagens românticas e líricas, a tarefa de sintonizar meu dial com um canal tão árduo.
Presa de uma inquietação incômoda, sinto que preciso expressar algo. Preciso dizer que o menininho está lá como uma florzinha murcha e encarquilhada. Flor que parece não ter brotado, de tanto que estava agarrada ao chão.
embora haja mil caminhos para continuar esta história, eu fico por aqui. Mas ele continua lá faminto e magrelo. A saída para todos nós (acredito que este sentimento de impotência seja de muitas pessoas) é não ceder à acomodação de culpar ou inocentar alguém, não lembrar demais nem esquecer demais. Talvez contribuir com algum dinheiro, ajudando assim aqueles que estão fazendo algo de concreto em prol dessa causa.
E depois pedir a Deus para conseguir dormir bem e sonhar com muitas flores e um parque repleto de crianças bem alimentadas. Quem sabe também ccom algumas estrelas para iluminar certos ângulos não muito claros do nosso humano comportamento.
Estou na contra-mão do Vandré. ele queria abordar temas polêmicos, mas a ditadura o impedia. A mim, ninguém impede de polemizar, apenas meu lirismo é louco por temas suaves.
Ele foi lírico e polêmico nesta canção genial
Para não dizer que eu não falei de flores
Vandré (Geraldo)
"Vem vamos embora /que esperar não é saber/quem sabe faz a hora /não espera acontecer
pelos campos a fome/em grandes plantações/pelas ruas marchando indecisos cordões/ainda fazem da flor /seu mais forte refrão/e acreditam na flores/ vencendo o canhão.
sábado, 23 de abril de 2011
someone posted in the facebook wall a picture of a child victim of starvation. Without strength to stand or sit, he was laying on the ground. The child graciousness grossly stunted by malnutrition reviled and abandoned there in the landscape like un unimportant twig.
How difficult to see this scene! Is difficult to see that hunger is a worm gnawing the guts of the poor model of socio economic organization existing on the planet.
I'm not blaming governments. Incidentally, I do not blame anyone because look for guilt does not improve anything, does not feed anyone, does cure disease. Guilt is poisonous and toxic and will only aggravate the problem.
But the raw images wich illustrate the distortions that wander the planet, leave me bewildered. This unpleasant sensation, even if momentary, is very difficult. I'm torn between a childish indignation access and a escapist attitude of close my eyes and pretend I have not seen what I saw.
I love romantic and lyrical images but now I have to give them up to tackle a difficult and hard topic. Taken by an unconfortable restlessness, I feel I must express something. I must say that the little child is there like a wilted and wrinkled flower. Flower that is not born, gripping the ground.
Although there are thousands ways to continue this story, I'll stop here.
I think, the solution to all of us is not to blame or exonerate anyone ( I believe that many people have this feeling of impotence). Also do not remember too much or to forget too much.Maybe give some money, thus helping those people who are doing something concret for this cause. and then ask God to get sleep well and dream of flowers and a park full of well-nourished children. Perhaps also with some stars to light certain dark corners of our human behavior.
How difficult to see this scene! Is difficult to see that hunger is a worm gnawing the guts of the poor model of socio economic organization existing on the planet.
I'm not blaming governments. Incidentally, I do not blame anyone because look for guilt does not improve anything, does not feed anyone, does cure disease. Guilt is poisonous and toxic and will only aggravate the problem.
But the raw images wich illustrate the distortions that wander the planet, leave me bewildered. This unpleasant sensation, even if momentary, is very difficult. I'm torn between a childish indignation access and a escapist attitude of close my eyes and pretend I have not seen what I saw.
I love romantic and lyrical images but now I have to give them up to tackle a difficult and hard topic. Taken by an unconfortable restlessness, I feel I must express something. I must say that the little child is there like a wilted and wrinkled flower. Flower that is not born, gripping the ground.
Although there are thousands ways to continue this story, I'll stop here.
I think, the solution to all of us is not to blame or exonerate anyone ( I believe that many people have this feeling of impotence). Also do not remember too much or to forget too much.Maybe give some money, thus helping those people who are doing something concret for this cause. and then ask God to get sleep well and dream of flowers and a park full of well-nourished children. Perhaps also with some stars to light certain dark corners of our human behavior.
domingo, 17 de abril de 2011
palavras trêmulas
A saliva colorida
escorre pelos grãos de areia
seres viventes
que expõem seus nervos
em fissuras cristalinas
pontas soltas de lençóis
queimados pelo fogo
de um amor
enfurecido de não se dar
tecido em vidro e represado
em lágimas que escorrem
silenciosamente pelo rosto encharcado
palavras que pediram minha moradia
para escreverem um enredo
tramado pelos fios da vida
pelas teias das aranhas
era assim que as velhas bruxas
prendiam nosso destino?
em cima da lareira há relógios
que marcam o tempo
medindo nosso merecimento
em horas trabalhadas e
comidas mal feitas
em cima da mesa
se desmancham
em novos choros
em amizades coloridas
cozidas em fotos abafadas
dentro dos armários
couve flores pesadas que guardam
o sabor de sal
aperto o sol nas mãos
e ele escorre
entre meus dedos
escorre pelos grãos de areia
seres viventes
que expõem seus nervos
em fissuras cristalinas
pontas soltas de lençóis
queimados pelo fogo
de um amor
enfurecido de não se dar
tecido em vidro e represado
em lágimas que escorrem
silenciosamente pelo rosto encharcado
palavras que pediram minha moradia
para escreverem um enredo
tramado pelos fios da vida
pelas teias das aranhas
era assim que as velhas bruxas
prendiam nosso destino?
em cima da lareira há relógios
que marcam o tempo
medindo nosso merecimento
em horas trabalhadas e
comidas mal feitas
em cima da mesa
se desmancham
em novos choros
em amizades coloridas
cozidas em fotos abafadas
dentro dos armários
couve flores pesadas que guardam
o sabor de sal
aperto o sol nas mãos
e ele escorre
entre meus dedos
quinta-feira, 7 de abril de 2011
Cotidiano de um planeta
alguém desiste
alguém persevera
alguém assassina
alguém é assassinado
alguém fecha a torneira
alguém se despede
e não volta mais
alguém volta e
fica para sempre
uma criança chora
outra balbucia
outra ri
outra morre
alguém abre um livro
alguém fecha
a tampa de uma caixa
alguém não tem pão
alguém não tem casa
alguém compra um castelo
alguém rouba uma banana
alguém é condenado à morte
por um crime que não cometeu
alguém é condenado à morte
por um crime que cometeu
alguém comete um milésimo crime
e ninguém fica sabendo
ou todos ficam sabendo
mas ninguém faz nada
alguém troca a camisa
compra um sapato
lê um revista
liga a TV
fecha a bolsa
senta ao piano
vai acampar
vai trabalhar
chuta uma bola
fica feliz
chora
o trivial, a tragédia e o encanto
ferem nossos dias
por cidades e campos
sam sabermos uns dos outros
o assassino não sabe de quem
se despediu
quem sentou ao piano não
viu quem foi assassinado
experimentamos todos
a dor e o prazer
de sermos sós e únicos
procurando através
das brumas, das cinzas,
dos telejornais, das palavras, dos gestos
o irmão que perseverou
o irmão que matou
o irmão que leu a revista
a criança que brincou
com estrépito, ânsia ou silêncio
sonhamos, buscamos ou abandonamos
um dia, quem sabe?
as notas desafinadas
desta sinfonia desajeitada
soem numa freqüência
mais condizente
com o amor e a paz
e mesmo longe da perfeição
sejamos
um pouco menos fechados
um pouco menos separados
um pouco menos estranhos
um pouco melhores
um pouco mais fraternos
um pouco mais próximos
alguém persevera
alguém assassina
alguém é assassinado
alguém fecha a torneira
alguém se despede
e não volta mais
alguém volta e
fica para sempre
uma criança chora
outra balbucia
outra ri
outra morre
alguém abre um livro
alguém fecha
a tampa de uma caixa
alguém não tem pão
alguém não tem casa
alguém compra um castelo
alguém rouba uma banana
alguém é condenado à morte
por um crime que não cometeu
alguém é condenado à morte
por um crime que cometeu
alguém comete um milésimo crime
e ninguém fica sabendo
ou todos ficam sabendo
mas ninguém faz nada
alguém troca a camisa
compra um sapato
lê um revista
liga a TV
fecha a bolsa
senta ao piano
vai acampar
vai trabalhar
chuta uma bola
fica feliz
chora
o trivial, a tragédia e o encanto
ferem nossos dias
por cidades e campos
sam sabermos uns dos outros
o assassino não sabe de quem
se despediu
quem sentou ao piano não
viu quem foi assassinado
experimentamos todos
a dor e o prazer
de sermos sós e únicos
procurando através
das brumas, das cinzas,
dos telejornais, das palavras, dos gestos
o irmão que perseverou
o irmão que matou
o irmão que leu a revista
a criança que brincou
com estrépito, ânsia ou silêncio
sonhamos, buscamos ou abandonamos
um dia, quem sabe?
as notas desafinadas
desta sinfonia desajeitada
soem numa freqüência
mais condizente
com o amor e a paz
e mesmo longe da perfeição
sejamos
um pouco menos fechados
um pouco menos separados
um pouco menos estranhos
um pouco melhores
um pouco mais fraternos
um pouco mais próximos
A planet day-to-day
Someone desists
someone perseveres
someone murders
someone is murdered
someone closes the tap
someone says goodbye
and doesn't come back
someone returns and
stays forever
a child cries
the other one babbles
another one laughs
another one dies
someone opens a book
someone closes
a box tap
someone doesn't have bread
someone doesn't have a home
someone buys a castle
someone steals a banana
sosmeone is sentenced to death
for a crime he/she did commit
someone commits the thousandth crime
and nobody gets to know it
or everybody knows
but nobody does anything
someone changes the shirt
buys shoes
reads a magazine
turns on the TV
closes the bag
sits at the piano
goes camping
goes to work
kicks off a ball
is happy
cries
The trivial, the tragedy and the charm
injure our days
through cities and land
without knowing anything from each other
the murderer did not know whon
he told goodbye
the person who sat at the piano
didn't see who was murdered
we all experience
pain and pleasure
being alone and unique
searching through
mist and ashes,
of the newspapers, the words, the gesture
the brother that persevered
the brother that killed
the brother that read the magazine
the child that played
with clashes, anxiety or silence
we dream, we seek or we give up
someday, who knows?
the out-of tunes notes
of this ungraceful symphony
sound at one frequency more harmonic
with love and peace
and even far from perfection
let us be
a little less closed
a little less separeted
a little less stranger
a little better
a little more fraternal
a little closer
someone perseveres
someone murders
someone is murdered
someone closes the tap
someone says goodbye
and doesn't come back
someone returns and
stays forever
a child cries
the other one babbles
another one laughs
another one dies
someone opens a book
someone closes
a box tap
someone doesn't have bread
someone doesn't have a home
someone buys a castle
someone steals a banana
sosmeone is sentenced to death
for a crime he/she did commit
someone commits the thousandth crime
and nobody gets to know it
or everybody knows
but nobody does anything
someone changes the shirt
buys shoes
reads a magazine
turns on the TV
closes the bag
sits at the piano
goes camping
goes to work
kicks off a ball
is happy
cries
The trivial, the tragedy and the charm
injure our days
through cities and land
without knowing anything from each other
the murderer did not know whon
he told goodbye
the person who sat at the piano
didn't see who was murdered
we all experience
pain and pleasure
being alone and unique
searching through
mist and ashes,
of the newspapers, the words, the gesture
the brother that persevered
the brother that killed
the brother that read the magazine
the child that played
with clashes, anxiety or silence
we dream, we seek or we give up
someday, who knows?
the out-of tunes notes
of this ungraceful symphony
sound at one frequency more harmonic
with love and peace
and even far from perfection
let us be
a little less closed
a little less separeted
a little less stranger
a little better
a little more fraternal
a little closer
sábado, 2 de abril de 2011
rolimã troller
On the slopes of São Carlos
up and down repeatedly
They carry one hundred time
the dust of the ground sticks
swety dirt
in their small and imp face
in their quick hands
dropping chords
shaking nerves
releasing fear
falling on the slope
Does the target travels in a breakable rolimã troller?
the fate tends to go like crazy
in a blundering flight on a
breakable rolimã troller
on the slopes of São Carlos
in children's wing
maybe a crazy atom
exciting many orbits
in a confident brim
and finally precipitate
with skill and accuracy
up and down repeatedly
They carry one hundred time
the dust of the ground sticks
swety dirt
in their small and imp face
in their quick hands
dropping chords
shaking nerves
releasing fear
falling on the slope
Does the target travels in a breakable rolimã troller?
the fate tends to go like crazy
in a blundering flight on a
breakable rolimã troller
on the slopes of São Carlos
in children's wing
maybe a crazy atom
exciting many orbits
in a confident brim
and finally precipitate
with skill and accuracy
carrinho de rolimã
Na ladeira do São Carlos
sobe e desce repetido
no cem vezes carregado
o pó do chão gruda
a sujeira suada
na carinha moleca
nas mãos ligeiras
soltando cordas
balançando nervos
libertando o medo
despencando na ladeira
o destino viaja ele
num carrinho de rolimã
na ladeira do São Carlos?
o destino se queda tanto
de viajar como louco
num vôo desatinado
num carrinho de rolimã
na ladeira do São Carlos
nas asas das crianças
talvez seja átomo louco
excitando muitas órbitas
num confiante rasante
num exercício calculado
e no fim precipitado
com mestria e acuidade
sobe e desce repetido
no cem vezes carregado
o pó do chão gruda
a sujeira suada
na carinha moleca
nas mãos ligeiras
soltando cordas
balançando nervos
libertando o medo
despencando na ladeira
o destino viaja ele
num carrinho de rolimã
na ladeira do São Carlos?
o destino se queda tanto
de viajar como louco
num vôo desatinado
num carrinho de rolimã
na ladeira do São Carlos
nas asas das crianças
talvez seja átomo louco
excitando muitas órbitas
num confiante rasante
num exercício calculado
e no fim precipitado
com mestria e acuidade
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