A saliva colorida
escorre pelos grãos de areia
seres viventes
que expõem seus nervos
em fissuras cristalinas
pontas soltas de lençóis
queimados pelo fogo
de um amor
enfurecido de não se dar
tecido em vidro e represado
em lágimas que escorrem
silenciosamente pelo rosto encharcado
palavras que pediram minha moradia
para escreverem um enredo
tramado pelos fios da vida
pelas teias das aranhas
era assim que as velhas bruxas
prendiam nosso destino?
em cima da lareira há relógios
que marcam o tempo
medindo nosso merecimento
em horas trabalhadas e
comidas mal feitas
em cima da mesa
se desmancham
em novos choros
em amizades coloridas
cozidas em fotos abafadas
dentro dos armários
couve flores pesadas que guardam
o sabor de sal
aperto o sol nas mãos
e ele escorre
entre meus dedos
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