O Corpo de bombeiros do Rio de Janeiro está em campanha salarial. Há muita confusão em torno de suas reivindicações. Os soldados contam que não foram recebidos pelo Quartel Central. As autoridades alegam vandalismo como motivo para terem efetuado algumas prisões. O ato de vandalismo teria como resultado um portão arrombado. Agora a reivindicação é dupla: liberdade para os presos e aumento de salários.
Com frequencia ouvimos as sirenes do corpo de bombeiros gritando rua afora. Saiam da frente porque eles têm pressa. Precisam chegar logo porque a situação é de emergência. Com certeza, envolve muito sofrimento. Um sofrimento físico, daqueles que não podem esperar.
A causa do chamado pode ter sido um acidente automobilístico e nesse caso pode haver pessoas presas nas ferragens, ossos quebrados, asfixiamentos. Enfim, quase sempre se dirigem aos locais de dor ou desespero. Lá no local, no mais das vezes uma confusão medonha. Os feridos precisando de socorro e os que estão em volta, desnorteados, sem saber o que fazer. Vítimas, parentes, amigos, passantes num alvoroço de fazer dó. A sirene é tudo o que eles querem ouvir. É a esperança de que as providências chegarão a tempo. De que a dor passe. Que se feridos houve, não haverá mortes nem sequelas.
Embora a gente saiba que os bombeiros não podem fazer milagres e que muitas vezes mais nada poderá ser feito, tendemos a nos agarrar a esta ajuda que no momento é tudo o que se tem. E dentro do que é possível, eles fazem muito.Quantas pessoas não foram salvas da morte ou de sequelas graves?
Vão chegando rapidamente e agindo com presteza. Resgatando, posicionando na maca, levando para o hospital. Nem sempre dispõem dos recursos mais modernos, avançados ou eficazes. Trabalhando com equipamentos até mesmo defasados, têm dado conta de suas tarefas muito bem. Às vezes até com atos de bravura. Não se deixando intimidar pelo perigo adentram casas que estão sendo devoradas pelas chamas e trazem nos braços pessoas e animais sãos e salvos. Todos conhecem estes momentos em que somos tomados de emoção e um sentimento gratificante nos invade a alma. Mais uma vida foi salva.
Os famigerados desabamentos nas favelas parecem não ter fim. Como falta políticas de moradia, as encostas vão sendo ocupadas por construções irregulares. Basta uma chuva forte para deslanchar a tragédia. E lá estão eles, subindo pelos barrancos, cavando, entrando chão adentro para fazerem os resgates. E a cena se repete. Afloram das escavações trazendo pessoas que milagrosamente, escaparam do choque do desabamento.São paridos pela terra num novo nascimento e amparados por mãos prestimosas.
Há muitas décadas o Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro presta serviços inestimáveis. Se inúmeras vezes são eles que nos valem em ocasiões de desespero, nada mais justo do que apoiar sua causa por melhores salários. Parece que o salário do CBRJ perdeu muito do seu poder aquisitivo nos últimos anos. Não é cabível salários tão baixos para profissão que envolve tanto risco. Se a propalada simpatia do povo pelos bombeiros é real, não entendo porque estamos tão quietos. É possível que as lideranças do movimento não tenham conseguido articular um apelo à população, para um ato público. Quanto a nós, creio que não podemos deixar de levar nossa solidariedade àqueles que solidarizam-se conosco nos momentos em que não contamos com mais ninguém.
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