Sábado recebi uma notícia que representa mais uma dádiva entre tantas que a vida me tem oferecido. Bobo de quem não acredita que os Deuses velam por nós e lá do alto do Olimpo cuidam com desvelo e amor das nossas necessidades. Estava no terreiro cambonando quando minha casa espiritual ofereceu-me a possibilidade de fazer mais um recolhimento. Sem dúvida, foi um presente que meu coração atraiu para ajudá-lo no seu momento de expansão. Ultimamente a vida tem me estimulado a acelerar meus passos e superar a tendência de permanecer na zona de conforto.
No início de 2011 já estava pensando naquelas horas todas em que eu ficaria tomando sol e lendo um romance à beira da piscina. Puro engano. Meu pedido de aposentadoria foi indeferido. A lei que fundamentaria meu pedido de aposentadoria era composta de cinco pré-requisitos. Eu só consegui cumprir quatro. Adiei as tardes à beira da piscina para enfrentar mais uma temporada de trabalho. Me atarefei até a raiz dos cabelos, em parte com o trabalho e muito mais com alguns cursos que precisei fazer para apoiar aprendizados que se faziam mais que necessários na minha vida. Quase caí numa fossa de decepção e nervosismo achando que não daria conta dos desafios.Respirei fundo e enfrentei. Tenho vivido num dia-a-dia movimentado enfrentando tarefa por tarefa. Consegui progressos consideráveis. É bom demais cantar uma canção do princípio ao fim quando há três anos eu nem cantava. A saúde está legal. E a casa....bem, a casa é um capítulo especial no qual estou vivendo um intenso trabalho comigo mesma. Os progressos podem parecer pequenos, mas me deixaram muito feliz. Sob o ponto de vista do externo pode até serem coisas muito fáceis ou banais que as pessoas de um modo geral, conseguem fazer muito bem. Não importa. Para mim tudo é muito grande e significativo porque foram limites que superei dentro de mim.
Me sinto nascendo de dentro de mim mais uma vez.Um novo ser que estende os braços, abre os olhos e procura a luz. E com ânimo renovado para continuar com o dia-a-dia cheio de tarefas e aprendizados. Vou recolher-me juntamente com mais sete irmãos. Começamos os preparativos: Inúmeras reuniões, compras intermináveis, um monte de pequenas tarefas e detalhes a observar. No entanto, estou de braços dados com a confiança. Sei que faremos um bom trabalho assistidos pelo amor de nossos mentores, guias e pelos nossos Sagrados Orixás.
É espantoso como pequenos e grandes milagres acontecem a toda hora. Um recolhimento é como uma chuva de bênçãos fertilizando nossa vida e nossos projetos e nos dando força espiritual para continuar nossos caminhos.
Um recolhimento de roncó é um ritual iniciático com as seguintes características: Ficamos num quarto rústico e simples (apenas um cômodo e dois banheiros). Dormimos sobre esteira de sisal e bebemos água de moringa. Só podemos usar roupas brancas e somente outros médiuns da nossa casa de Umbanda, podem entrar neste cômodo.Recebemos nossos alimentos ali e nos mantemos em oração e meditação. Nestes três dias, afastados da agitação da vida material, recebemos imantações provenientes do plano astral e vibrações de consciências evoluídas, que vivem além do plano físico.
Há muitos boatos e comentários equivocados a respeito desta prática.Comentários estes, contaminados de medo ou maldade. Certa vez alguém perguntou-me se ficávamos inconscientes durante os recolhimentos. Não! pelo contrário, precisamos ficar mais conscientes do que nunca, trabalhando com a espiritualidade novas diretrizes para nossa vida.
Como todos sabem, o sagrado feminino é extremamente demonizado. Em toda a sua história tem sido alvo de denominações absurdas e acusações injustas, autoritaristas e violentas. Os recolhimentos de roncó então...atraem os comentários mais virulentos. Nem é bom falar. Deixa pra lá. Meu post não se destina a combater estas distorções. Muita gente não sabe o que faz, muita gente não sabe o que diz. Usar minhas palavras para expressar a minha experiência com o Sagrado Feminino. Isso sim! Quanto apoio, amor, compreensão encontrei no abraço dos irmãos, nas bênçãos do pai, na palavra das entidades.
Quem procurou seus templos com sentimentos positivos e o coração aberto para dar e receber amor deparou-se com uma das experiências mais gratificantes da vida. Encontrou uma fonte inesgotável de conhecimento e crescimento em todos os sentidos: espiritual, moral, emocional, intelectual, material.
É bem expressiva a sequência do livro "O código Da Vinci", quando o personagem Robert Langdon cai de joelhos no lugar onde ele acreditava estar o corpo de Maria Madalena. Embora eu não me julgue em condições de endossar o texto de Dan Brown enquanto fatos, aplaudo as simbologias sobre a exclusão do feminino na civilização ocidental.
Diante dos portais do Sagrado Feminino não há palavras. É ajoelhar e agradecer. Axé para todos.