Gostei à beça. Sou vidrada em filmes de macacos. Macacos são misteriosos em todos os sentidos. Os macacos têm tantas atitudes e características semelhantes aos seres humanos que fica difícil negar a existência de uma relação evolutiva entre as duas espécies.Isto nos deixa intrigados senão conscientemente pelo menos em nível inconsciente. Se a observação comum já nos deixa mobilizados, o que dizer diante da teoria da evolução das espécies? Tudo do que Darwin postulou parece muito bem pensado, muito bem fundamentado. E aqui o mistério se aprofunda. A teoria da evolução responde muitas perguntas e suscita mais inúmeras. Os macacos são para nós uma pergunta viva ( ou várias). Isso faz com que filmes como esse sejam interessantes e chamem muito da nossa atenção. Ficamos mais ou menos como Caesar quando se comparou com o cachorro. Afinal, quem sou eu? O que estou fazendo aqui? Tenho características humanas e animais mas não pertenço ao mundo dos humanos nem dos animais. Como reconstituir minha história se eu sou uma criatura tão sui generis? Qual o meu lugar dentro desta ordem de coisas? Quando se viu preso na coleira, tal e qual o cachorro, começaram as dúvidas de Caesar. Como harmonizar as semelhanças e as diferenças? Diante dos macacos somos Caesar diante do cachorro. Até onde somos macacos e onde deixamos de ser? Por que algumas semelhanças indisfarçáveis e uma enorme distância em consciência e inteligência? E os vazios que não foram preenchidos com explicações lógicas são facilmente tomados pela imaginação. É onde tudo que envolve macacos exerce grande apelo sobre nós.
Dia destes li uma crítica sobre "A origem". O crítico identificou cuidadosamente as várias discrepâncias e tudo o que ficou sem explicações nos filmes da série O planeta dos macacos. Neste novo filme também há "claros" . De onde a equipe de pesquisa extraiu o ALZ 112? Ele age no DNA...mas como? Por quê? Eu sinceramente não entendi como Caesar adquiriu inteligência. Gostei do trabalho do comentarista mas eu não vou por um caminho tão sério. Os "claros" do filme estão diretamente relacionados a nossa impossibilidade de vislumbrar algo que se aproxime de uma resposta ou pelo menos de um caminho de pesquisa. O que nos deixa com uma tremenda compulsão de especular. Por mais que os cineastas sejam criativos fica difícil engendrar uma trama coerente ou pelo menos plausível para um enigma deste.
No fim tudo vai rolar na base da fantasia mesmo. Ainda bem. No cinema a fantasia é muito bem-vinda e se ela for divertida, quem vai se importar com coerência ? eu curti muito "A origem". Algumas cenas me lembraram o impagável King Kong onde a fantasia foi delirante e maravilhosa e ninguém perguntou pela coerência. Onde o maior absurdo e a mais louca incoerência foi o melhor da festa: Um gorila apaixonado por uma lourinha platinada. Apesar de não ter pé nem cabeça foi um dos romances impossíveis mais interessantes do cinema. Eu pelo menos fiquei comovida com as cenas do Empire State. Ah! foi demais, não foi? Agora o ardente King Kong deu vez ao inteligente, libertário e articulado Caesar. De onde será que ele tirou a idéia de rebelião?( da televisão? dos livros?). E a cavalgada na ponte? Muito legal. Deixa a coerência pra lá que eu adoro isso. Pelo jeito, os macacos evoluíram bastante. Não sei o que havia no ALZ 112, mas ele deixou os hormônios de Caesar totalmente imune às fêmeas da espécie humana. Apesar de fragilizado pela crise de identidade e tudo o mais, não quis saber de mulher nenhuma. E em tenra idade soube até bancar o cupido ajudando Will a conquistar Caroline. Veja só, sugeriu um jantar. É claro, nada de se apossar das moças como um King Kong primitivo. Não é ótimo?
O planeta dos Macacos__a origem
diretor: Rupert Wyatt
roteiristas: Rick Jaffa e Amanda Silver
atores: James Franco, Andy Serkis e Freida Pinto
2011__Twentieth Century Fox film Corporation
O planeta dos Macacos__a origem
diretor: Rupert Wyatt
roteiristas: Rick Jaffa e Amanda Silver
atores: James Franco, Andy Serkis e Freida Pinto
2011__Twentieth Century Fox film Corporation
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