Começando pela capa parece que algum artista plástico inspirado deu forma ao que existe de mais recôndito no meu sonho. As imensas e imponentes estátuas formando um portal magnífico. com as mãos espalmadas elas dizem "espere" impondo respeito, dizendo que de alguma maneira é preciso uma atitude reverente ao adentrar aquele espaço. O coração dá uma cambalhota.
Trecho de A SOCIEDADE DO ANEL
VII- Na casa de Tom Bombadil
" __Você aí!__gritou Tom, olhando em direção a ele com um olhar de quem enxerga perfeitamente.__Ei! venha Frodo! Aonde você está indo? O velho Tom Bombadil ainda não está tão cego assim. Tire seu anel de ouro. Sua mão fica mais bonita sem ele. Volte! Largue dessa brincadeira e sente-se de novo ao meu lado! Temos de conversar um pouco mais, e pensar sobre amanhã cedo. Tom precisa lhe ensinar a estrada certa, para evitar que se perca."
Ah! Se Frodo pudesse adivinhar tudo o que passaria por aquele anel. Mas não, Frodo nem suspeitava do significado do anel. Isso ele aprenderia mais tarde pisando as pedras dos caminhos, as escarpas, florestas, montanhas, charnecas; vendo o sol nascer e morrer dia após dia e até mesmo quando veio a noite horrenda de Mordor e o sol não nasceu nunca mais.
Tom bombadil sabia que a mão de Frodo ficava mais bonita sem aquele anel. O velho Tom Bombadil era suficientemente sábio para escolher uma beleza mais profunda do que o brilho ostensivo do ouro. Frodo ainda era um jovem hobbit de 50 anos e nem suspeitava até onde a sede de poder leva os homens.
Uma estupenda saga transcorreu desde estes momentos iniciais até o lance final com o anel. Frodo, nos últimos estertores de suas forças, exausto, faminto e desnorteado à beira do precipício, opta por ficar com o anel. Inesperadamente é salvo pelo seu grande inimigo que lhe abocanha anel e dedo. Esse interstício é no mínimo uma fábula generosa, um exemplo contundente do quanto precisamos crescer para não sucumbir à tentação do poder fácil.
Trecho de A SOCIEDADE DO ANEL
XI-Uma faca no escuro
"Vou contar-lhes a história de Tinúviel__disse Passolargo.__Resumida, pois essa é uma longa história da qual não se sabe o fim; e ninguém atualmente, com exceção de Elrond, pode lembrá-la exatamente como era contada há tempos. É uma bela história, embora triste, como todas as histórias da Terra-média; mesmo assim ela pode animar seus corações.__Então ele começou, não a falar, mas a cantar suavemente:
As folhas longas, verde a grama;
Esguia é da cicuta a umbela;
No prado há luz que se derrama
De um céu de estrelas a fulgir.
Tinúviel dançando bela,
Ao som que flauta oculta inflama;
Há estrelas no cabelo dela
E no seu manto a reluzir "
Acho que é um pouco mania minha, mas quando leio o livro, tenho sempre vontade de cantar, inventar uma música para as passagens metrificadas. Acho que muitos leitores têm vontade de fazer o mesmo. Imagine, estar na condição de seres viventes e pensantes que não sabem muito bem como e por que são ou ficaram assim. São muitas perguntas e grandes vazios. Essas canções de tempos antigos e perdidos como que nos trazem notícias de palavras guardadas lá dentro de nós. As letras estão esmaecidas e um pouco ilegíveis, mas logo saltam reavivadas e animadas dançando e cantando alegremente uma canção que nos enche de prazer.
E o estilo gostoso e divertido de misturar palavras coloquiais e tradicionais em frases caprichadas, receita para um aspecto formal bem dosado, que deleita e não cansa.
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