O céu estofado
me embriaga de doçura
me oferece
uma manhã opalina
de oficina
de padaria
de banca de jornal
lençóis em desalinho
vizinhos gritando
cachorros latindo
e eu esqueço na gaveta
o soluço
o sonho
o beijo
o medo
e eu escrevo uma linha
descrevo uma sina
arrumo os lençóis
decido o almoço
começo o alvoroço
descasco batata
leio o jornal
divido o pão
no quarto dos fundos
rezo um terço
xingo a semana
para renascer
para recomeçar
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