Imagine o que é estar na escuridão. Um breu mesmo. Andamos, andamos e batemos com o nariz na porta. Mudamos de direção e a cabeça vai de encontro à janela. É uma triste situação chamada desorientação.Pode acontecer com qualquer pessoa.
Como Deus não nos deixa sozinhos, surge sempre uma lanterninha ou uma lâmapada iluminando a saída . Às vezes até um holofote. Não é muito raro que estes momentos sejam meio mágicos. como se algo até então submerso viesse à tona de repente. Tudo parece uma feliz coincidência. alguém menciona algo que estremece uma fibra dentro de nós, assim como ligar dois fios e completar um circuito. Carl G. Jung denominou este fenômeno de sincronicidade.
Certo dia caminhava eu por um trecho bem escuro da minha estrada, luzes fugidias como faróis noturnos mal iluminavam ao redor dos meus passos. Eu tropeçava muito e só continuava por uma insistente vontade de viver. Julgava que a luz do sol tinha se ausentado e não entendia muito bem porque ela me negava seus raios. Eu pensava assim nesse tom lamentoso. Deturpava por assim dizer. Foi aí que eu topei com um livro inteligente e bem elaborado.
Dificuldades minhas. O sol não tinha nada a ver com isso. É mais fácil culpar o sol quando queremos fugir da nossa sombra. Encarar a sombra é uma espécie de missão, o objetivo topo de linha para a vida.
Quem me ensinou foi a astróloga inglesa Liz Greene no livro "astrologia do destino". Suas conclusões não são inéditas. De certa forma, todos que abordam crescimento emocional ou espiritual estão falando sobre sombra.
Mas não é de sombra e água fresca não. É verdade que nos dias de calor é gostoso ficar à sombra, mas do frio da nossa sombra interior, a gente foge à mil. Somos bem insistentes nisso. Como diz o provérbio, fugimos mais da sombra do que o diabo da cruz. Queremos negar certos demônios encarapitados dentro de nós. Ilusão. quanto mais os evitamos, mais eles parecem grandes e ameaçadores.
Este toque foi de grande importância para mim. A sombra é tudo aquilo que rejeitamos dentro de nós (nosso pior e nosso melhor). O que a gente alega ser do vizinho, da mãe, do professor, enfim, do outro. E aí a gente vê que é nosso, é nosso, é nosso. Perpetuamos as dificuldades embrenhando a sombra no inconsciente. Resultado: aumento da insatisfação e das complicações.
Além de astróloga Liz Greene também é uma sábia pensadora. Seu estilo de fazer astrologia nos ajuda muito neste trabalho difícil de lidar com nossa sombra. Neste livro, ela aborda inúmeros mitos e arquétipos que expressam questões inconscientes.
Aqui está uma de suas concepções:
"Cada signo do zodíaco retrata uma jornada mítica. Contém um herói, e também envolve a natureza do seu chamado à aventura. Contém igualmente o ajudante que fornece a pista mágica, e o limiar da aventura; a batalha com o irmão, o dragão, a feiticeira; o esquartejamento, a crucificação, o rapto, a jornada pelo mar da noite e a barriga da baleia. O objeto da saga também está contido: o ser amado, o casamento sagrado, a jóia, a reunião com o pai, o elixir da vida. E também está contido a hubris ou o defeito do herói, a natureza do seu fim inevitável, tudo dentro da descrição aparentemente simples de um único signo zodiacal."
Observando os mitos que encenamos, aprendemos muito sobre nós.
A astrologia do destino
Liz Greene
Editora Cultrix ltda
Título original:The Astrology of fate.
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