Sabe aquela travada que a gente dá quando é para falar de nós? Comigo acontece muito. Nunca sei como começar e logo surgem os livros. Sempre questionei por que é assim. Por que não uma ida á praia, uma festa, qualquer coisa desse gênero. Não, nada disso. São os livros que vêm. Até fico me achando meio enfadonha. O que mais tenho na minha casa são livros. Talvez isso não seja muito divertido para as visitas. Enfim, é a minha casa e é assim que me sinto bem. A história da minha vida é uma história de livros (bem que eu gostaria de uma história de aventuras bem vividas, como conhecer o Brasil inteiro, almoçar no Café de la paix ou escalar montanhas. Mas as coisas não acontecem assim.)
A cultura familiar não oferecia muita informação. Meus avós e meus pais estavam mais sintonizados com o século XIX do que com o século XX. Eu nasci ali no final do século XX, com o XXI já despontando. Ja viu, né? Era uma confluência estranha. Eu queria evoluir para o século XX para pegar o XXI e a cultura familiar era patriarcal.
Foi aí que a providência divina agiu. Graças a Deus tive a oportunidade de ir à escola e logo que aprendi a ler conheci meus grandes amigos; os livros. Informação, lazer, orientação. Grandes companheiros os livros.
Por que esta conversa sobre livros e família?
Tentando dar um jeito na bagunça das estantes encontrei três velhos companheiros. Dois deles eram um só. Trata-se de duas versões para o livro "Pequena história do mundo para crianças" de V. M. Hillyer. Um dos exemplares é uma tradução de Godofredo Rangel publicada pela Companhia editora nacional, outra é uma adaptação de Monteiro Lobato, que dá a Dona Benta a função de narradora. ela cumpre a tarefa muito bem reconstruindo para a turminha do sítio, as peripécias do texto original. Ambos são agradabilíssimos. Incríveis momentos de sonho. Eu ia da Babilônia para a Grécia e voltava para o Egito num emocionante vôo supersônico).
A tradução foi feita do original chamado "Child's history of the world e a Child's geography of the world " de V. M. Hillyer, diretor da Calvert School from Baltimore. Ambos os livros tiveram donos anteriores. Creio que "rolaram" em diversas mãos, pois num deles há uma dedicatória de Rebeca e Zuna Schecht para Brígida, datada de 16 de dezembro de 1941. Não tenho a menor idéia de quem são essas pessoas ( em tempo, estes exemplares surgiram neste planeta bem antes de mim). E o outro pertencia ao Edson, um amiguinho daquela época. O terceiro é uma historinha de natal que ganhei aos 12 anos. Quem me deu foi a Zezé. Era uma moça tão simpática e amável que nunca mais a esqueci.
Quantas histórias paralelas!
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