sábado, 11 de junho de 2011

Todo o apoio aos soldados do fogo

     O Corpo de bombeiros do Rio de Janeiro está em campanha  salarial. Há muita confusão em torno de suas reivindicações. Os soldados  contam  que não foram  recebidos  pelo  Quartel  Central. As autoridades alegam vandalismo como motivo para terem efetuado algumas  prisões. O ato de vandalismo teria  como  resultado um portão arrombado. Agora a reivindicação é dupla: liberdade para os presos e aumento de salários.
      Com frequencia ouvimos as  sirenes do corpo de bombeiros  gritando  rua  afora. Saiam da frente porque eles têm pressa. Precisam  chegar logo porque a situação é de emergência. Com certeza,  envolve muito sofrimento. Um sofrimento físico,  daqueles  que não  podem esperar.
      A causa do chamado  pode ter sido um acidente automobilístico e nesse caso pode haver  pessoas  presas nas ferragens, ossos quebrados, asfixiamentos. Enfim, quase  sempre  se  dirigem  aos  locais  de  dor  ou  desespero.  Lá no  local, no mais das vezes uma  confusão medonha. Os  feridos  precisando  de  socorro  e os que estão em volta,  desnorteados,  sem saber o que fazer. Vítimas,  parentes, amigos, passantes num alvoroço de fazer  dó. A sirene é tudo  o que eles querem ouvir. É a esperança  de que  as providências  chegarão a tempo. De que a dor passe. Que se feridos houve, não haverá mortes nem sequelas.
      Embora a gente saiba  que os bombeiros  não podem fazer milagres e que muitas vezes mais nada poderá ser feito,  tendemos a nos agarrar a esta ajuda que no momento  é tudo o que se tem. E dentro do que é possível, eles fazem muito.Quantas pessoas não foram salvas da morte ou de sequelas graves?
      Vão chegando  rapidamente  e agindo com presteza. Resgatando, posicionando na maca,  levando para o hospital. Nem sempre  dispõem  dos  recursos mais modernos,  avançados  ou  eficazes. Trabalhando com  equipamentos até mesmo defasados, têm dado conta de suas tarefas muito bem. Às vezes até com atos de bravura. Não se deixando  intimidar pelo perigo adentram  casas  que  estão  sendo  devoradas  pelas chamas  e trazem nos braços  pessoas  e  animais  sãos e salvos.  Todos  conhecem  estes momentos  em que somos tomados  de emoção e um sentimento gratificante nos invade a alma. Mais uma vida foi salva.
       Os famigerados desabamentos nas favelas parecem não ter fim. Como  falta políticas de moradia,  as  encostas vão sendo  ocupadas  por  construções  irregulares. Basta  uma  chuva forte para  deslanchar  a  tragédia. E lá estão  eles,  subindo pelos  barrancos,  cavando,  entrando chão adentro para fazerem os  resgates. E a cena se repete. Afloram das  escavações trazendo pessoas  que  milagrosamente, escaparam  do choque do desabamento.São  paridos pela terra num novo nascimento e amparados  por mãos  prestimosas.
         Há muitas  décadas o Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro presta serviços inestimáveis. Se inúmeras vezes são eles que nos valem  em ocasiões  de desespero,  nada mais justo  do que apoiar sua  causa por melhores  salários. Parece que o salário do CBRJ perdeu  muito do seu poder  aquisitivo nos últimos anos. Não é cabível salários tão baixos para profissão  que  envolve tanto risco. Se  a  propalada simpatia do povo pelos bombeiros é real, não entendo porque estamos tão quietos. É possível que as lideranças do movimento não tenham  conseguido articular um apelo à  população, para um ato público. Quanto a nós, creio que não podemos  deixar de levar nossa solidariedade  àqueles  que  solidarizam-se conosco  nos momentos em que não contamos com mais ninguém.

Nenhum comentário:

Postar um comentário