sábado, 28 de abril de 2012

A streetcar named desire

                   Continuing  with my project  to satisfy old curiosities I took a famous streetcar.

                   Just  breathe  and be human  to know  what is a wish. Desire is our heaven  and our hell. Who  does not  know  the power  of a wish? The Bible, the Koran, and all religious  scriptures almost do not  address  another issue: the desire, its dangers  and pitfalls. And also they offer  thousand recipes  on how  to handle  the desire, to tame  the  desire  or end up with  the  desire. The consumer unlike,  stimulates  our  latent  desires and creates  thousands of new desires.

                  But the drama  of Tennesse Williams  wastes  no time with  innocuous  repressions  or stimulus to consumption.  It  leads us  to see the  desire  acting on that tenement  as a living being,  invisible  but  present,  moving among  the furnishings  sparse. Blanche Dubois  with his bag of wishes and unfulfilled  expectations  take the tram  that will leave her at the home of her sister Stella Kowalski,  where he meets  her brother-in-low  Stanley Kowalski  who  is the  imbodiment  of desire,  both from  the  standpoint:  to desire  and  be desired. From  there  the circle of desires  starts to turn.

                  The desire is visceral in humans. Despite  that we may be  more selfish than other, more coarse or fine,  we all equate  in our nature as wishful beings. Desires  are our major motivations when  choosing  our trams. Creepy question:  What  awaits us at every  station?

                  The issue  is about situations  easily  found in life  since the desire is a kind of mainspring  that makes all happen. But  the text  makes a confluence  that is the result  of  ingeniousness  and  subtlety. The helpless  refinement  of Blanche  in  contrast  with  the  coarseness  of  Stanley,  the tenement  as a  physical  space  so  fertile  for  promiscuity,  the dosage of action, the melancholy  music, the faded  houses,  the irony  of the name  "belle reve"  to a decaying  farm,  tension and conflict  between Stanley  and  Blanche as their relationship  mixes  hostility  and attraction.

                 Alcohol,  cards game  and  underwear  are good  components to increase  promiscuity and make  the atmosphere  more tense  and  alarming. But  as a symbol,  nothing compares  to the train. It sounds  like a warning. A creepy  warning  of the shockes  of  fate.  The train  is coming from somewhere  and will  arrive in another place. What  await  us there?  And what will happen  on the trip? What are  our partners? Where will leave us the train  of life? Significant  and ominous  questions  to Blanche whose fate  (or circumstances) load her as a feather in the wind.

                 I think  it  is a  great  play  with and action extremely  engaging. An assembly  well  done has all  conditions  to achieve  a deep communication with the audience and offer  one of those  shows  from  where we  left pacified  with  life.

                  

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Um bonde chamado desejo

        Continuando com o meu projeto de satisfazer antigas  curiosidades tomei um bonde famoso.

        Basta respirar  e ser humano  para saber o que é um desejo. Desejar é nosso céu e nosso inferno. Quem não conhece o poder de um desejo? A bíblia, o alcorão e todas as escrituras  religiosas  quase que não  abordam outro assunto: O desejo, seus perigos e armadilhas. E também oferecem  mil receitas  de como lidar com o desejo, domar o desejo ou acabar com o desejo. A sociedade de consumo ao contrário,  estimula nossos  desejos  latentes  e cria milhares de novos desejos.

                                       Já o drama de Tenesse Williams não perde tempo com repressões inócuas  ou estímulos de consumo. Nos leva  para ver o desejo  atuando  naquele  cortiço como um ser vivo,  invisível mas presente, movimentando-se  por entre o mobiliário escasso. Blanche  Dubois com sua mala de desejos  e expectativas frustradas toma o bonde que vai deixá-la  em casa de sua  irmã Stella Kowalski,  onde  conhece o cunhado Stanley Kowalski que é a encarnação  do desejo, tanto do ponto de vista de desejar quanto de ser desejado. A partir daí  a ciranda dos desejos  começa a girar.

                                      O desejo é visceral no ser humano. A despeito  de que possamos  ser uns mais egoístas  que outros,  mais grosseiros  ou requintados, todos  nos igualamos  na nossa natureza de seres desejantes. Desejos são nossas grandes motivações na hora de escolhermos  nossos  bondes. Questão arrepiante:  O que nos espera  em cada estação?

                                      O tema suscita  situações facilmente  encontráveis na vida, posto que o desejo  é uma espécie  de mola  mestra que faz com que tudo aconteça. Mas o texto cria uma confluência que  é o resultado de muita engenhosidade e sutileza. O requinte desamparado de Blanche em contraste com a grosseria de Stanley, o cortiço como um espaço físico  sempre  tão fértil  para  a promiscuidade, a dosagem  da ação que se intensifica, as músicas melancólicas,  as casas  desbotadas, a ironia do nome " belle reve"
 para uma fazenda  decadente,  a  tensão e o conflito  entre  Stanley e Blanche  pois o relacionamento  deles mistura  hostilidade e atração.

                                      O álcool, as cartas e as roupas íntimas  são bons  componentes para  intensificar a promiscuidade  e deixar o ambiente  mais  tenso e alarmante. Mas como símbolo, nada se compara  ao trem. Ele soa como um aviso. Um gélido aviso dos embates do destino.    O trem fatalmente está vindo de algum lugar e chegará noutro. O que nos aguarda aí? E o que acontecerá na viagem? Quais são  nossos companheiros?  Onde nos levará o trem da vida? Perguntas sinistramente significativas  para Blanche  que de veículo em veículo é carregada  pelo destino ( ou pelas circunstâncias)  como uma pena pelo vento.

                                      A meu ver  é uma  grande peça teatral com  uma ação extremamente envolvente. Uma  montagem bem feita terá tudo  para conseguir uma comunicação  profunda  com a platéia e oferecer  um daqueles  espetáculos  de onde saímos apaziguados com  a  vida. 

Um bonde chamado desejo
Tenessee Williams                                         

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Beat generation

                       I'm still  in my phase to know beat generation. I read something  about  Jack Kerouac,  William Burroughs and Allen Ginsberg. I've noticed that it's like a puzzle. People are  legendary and fiction mingle  with life. It is not always possible to separate  their lives  from   the  books. Biographical  essays  talking about  adventures  in the lodgins of universities,  alcohol and  other  drugs, several  kinds of sexual liaisons,  projects, ideas, etc. Curious  to see:  life can coutain  several  books  and  books  can  touch  destinations.

                       I just read "And hippos were boiled in their tanks,"  wich  turns into  romance  the murder  of David Kammerer  by  Lucien Carr. William Burroughs and Jack Kerouac as the characters  Will Dennison  and Mike Ryko,  alternating  write  the chapters. For Lucien Carr they created Philip Tourian and for David Kammerer,  Ramsay Allen. While I was reading I felt as my  task was join loose  wires. Kinda disturbing. I never knew very well  who was talking,  Myke Ryko or Jack Kerouac ( Or rather, if the  person, if the character). sometimes  it seems that the narrative  bring us  into it,  taking us  to a way  of bars on  the  sidewalks of  New York. What  will we  find on the  next  bar?  On the next  street? Just around the corner? it may be a bit unpredictable  and  disturbing  but it  is  almost  impossible not to go. It's like a challenge  that makes  you  feel  stronger,  the tast of  life. This is mad  as poke a hornet's  nest. I think it is a bit dangerous and we need some criteria to poke the life. But I think  they should take  a  special  fun in poke  it only  to see  the hornets stirring. Sometimes  we have to hurt  ourselves  to feel more  alive or only  to see what  happens. Eating  glass  is another metaphor  meaning more or less  the same thing. Perhaps they  wanted  to live without  safeguards. Just experience.

                    "Philip  mascou bastante o seu vidro e depois engoliu com a água de Agnes. Aí Al comeu  um  pedaço também  e dei a ele um copo  d'água para ajudar a engolir. Agnes   me perguntou  se eu achava  que eles iriam  morrer,  eu disse que não, que não havia perigo se você mastigasse bastante; era como engolir um pouco de areia. Todo aquele papo de pessoas que morriam  de mascar vidro  era  boato."

                    The  whole  time  they were  dirty,  houses were  dirty,  glasses were dirty.  Peoples  were  dirting  themselves with life. It's as if they  rejected the antiseptic situations.  Life,  with its  situations  comfortable or not, easy  or difficult, painful  or pleasurable is always  life and become  infected  with,  is a way  to be authentic. While  reading I felt  piggybacking in this bold  move of  becoming  infected with life.

                  "Quando ela lhe segredou  que o marido  era traficante de drogas e mulheres, ele disse: "Meu Deus!" e apertou sua mão. "Você  é a mulher  mais corajosa  que eu já conheci."
                  Ora, acontece que o Sr. Tourian  também tinha os olhos  voltados  para  o novo mundo. Eram tantos os seus negócios que o número  de pessoas  ressentidas com ele, por motivos reais  ou imaginários, alcançava   proporções  incontroláveis. Aí  ele começou  a se meter  com um funcionário  do consulado americano. Desnecessário dizer, ele não tinha a intenção de seguir  os exaustivos  passos  recomendados   pela  lei  da  imigração americana."

                     May books do this. Indeed,  this thirst  for  experiences is very strong  in literature. But  "And hippos..."  does it all the  time  and in a special  way.  Contamination  is like a main  character. To some  extent  it is interesting.



And  the  hippos  were boiled  in their tanks
William S. Burroughs  and  Jack Kerouac

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Geração beatnik

                 Continuo na minha fase de conhecer os poetas beatnik.  Li algo sobre Jack Kerouac,   William Burroughs  e Allen Ginsberg. Notei que é meio como um quebra-cabeça.  As pessoas são meio lendárias e os textos de ficção se misturam  às vidas. Nem sempre  é possível separar  suas vidas dos  romances e dos poemas. Os ensaios biográficos falam  sobre  aventuras nos alojamentos  das Universidades, álcool e outras drogas, ligaçoes sexuais  de vários matizes, projetos, idéias, etc. Curioso ver que uma vida  pode conter vários romances e que os romances  podem  pontuar destinos  aqui e ali.

                 Acabei de ler  "E os hipopótamos foram cozidos  em seus  tanques", que   transforma em romance o assassinato de  David Kammerer  por  Lucien Carr. William Burroughs  e  Jack Kerouac, na pele  dos personagens  Will Dennison  e  Myke Ryko, assumem alternadamente a redação dos capítulos. Para Lucien Carr  criaram Philipe Tourian  e para  David Kammerer  criaram Ramsay Allen. Durante a leitura senti como se meu trabalho fosse unir fios soltos. Meio perturbador.  Nunca sabia muito bem quem, estava falando,  se  Mike Ryko  se  Jack Kerouac. (Ou melhor, se a pessoa,se o personagem. Nunca vai se saber).Às vezes  parece que a narrativa  nos traga para dentro  dela, nos levando para um roteiro  de bares de calçadas  de Nova York.  O que  encontraremos  no próximo bar, na próxima rua, na próxima esquina? Pode ser meio  imprevisível  e perturbador mas é  quase impossível não ir. É como um desafio que faz sentir mais forte o gosto da vida. O que eles fazem é como futucar um  vespeiro. Creio que eles gostavam disso. O que é a vida senão isso? Um vespeiro. Não convém futucar sem critério. Mas acho que eles  tiravam um divertimento especial  de ficar futucando só para  ver as vespas se assanhando.Às vezes é preciso se ferir  para se sentir mais vivo ou para ver no que dá. Comer vidro é outra metáfora significando mais ou menos a mesma  coisa:

              "Philip  mascou  bastante seu vidro e depois engoliu  com a água de Agnes.Aí Al comeu um pedaço também e dei a ele um copo d'água  para ajudar a engolir. Agnes me  perguntou se eu achava que eles iriam morrer, e eu disse que não, que não havia perigo se você mastigasse bastante; era  como engolir um pouco  de areia. Todo aquele papo de pessoas  que morriam de mascar vidro  era  boato."

              Talvez eles quisessem  viver o que era necessário  sem muitas proteções. O tempo todo eles estão sujos, as casas sujas,  os copos sujos. Se sujando com a vida. Se não for  assim que graça tem? É como se eles rejeitassem as  situações antissépticas. A vida com suas situações  confortáveis ou não, fáceis ou difíceis, dolorosas ou prazerosas é sempre a vida  e se contaminar com ela  é uma maneira de ser autêntico. Ao ler, tive a sensação  de pegar carona nesta  atitude ousada  de se contaminar com a vida:

              "Quando ela lhe segredou  que o marido era traficante  de drogas e de mulheres, ele disse: " Meu Deus! e apertou   sua mão."você é a mulher  mais corajosa  que eu já conheci".
              Ora, acontece  que o Sr.Tourian  também tinha os olhos  voltados  para o novo  mundo. Eram  tantos os seus  negócios  que o número  de pessoas ressentidas  com ele,  por  motivos  reais ou imaginários, alcançava proporções  incontroláveis. Aí ele começou a se meter com um funcionário do consulado americano. Desnecessário dizer,  ele não tinha  a intenção de  seguir  os  exaustivos  passos  recomendados  pela lei da imigração americana."

             Muitos escritores fazem isso. Aliás, essa sede de vida é bem própria da literatura. Mas  " e os hipopótamos"  o faz o tempo todo e de um jeito especial. A  contaminação é assim  como um personagem principal. Até certo ponto é interessante.


E os hipopótamos foram cozidos em seus  tanques
William S. Burroughs  e  Jack Kerouac