terça-feira, 15 de novembro de 2011

Comer, rezar, amar aventuras em busca da fé














 É um livro leve e solto  que a gente lê como quem curte um filme de aventuras. Não é nada denso  como homens se transformando em insetos  nem  insights impactantes no quarto de empregada. Nele, a sabedoria  e a leveza se oferecem como frutas frescas sobre a mesa.
   A aventureira  é uma americana  de trinta e poucos anos que passa por uma crise no seu casamento quando descobre  que não é bem isso que queria da vida. E agora? Como comunicar isso ao marido  com quem tinha feito planos de adquirir patrimônio e ter filhos? Evidentemente, o rapaz  não ficou nada  feliz com essa repentina  mudança de rumos.
    Ciente de que não poderia  sair do casamento  sem causar um estrago no coração do marido, sentia-se  como se estivesse  embaixo de uma pedreira prestes  a desmoronar,  ou melhor,  como se estivesse  derrubando um pedreira sobre alguém.
    Certa noite, profundamente amargurada, ajoelhada  em prantos no chão do banheiro, compreendeu  repentinamente que precisava  entregar  todo esse peso  a alguém ou algo  mais forte do que ela.Algo do qual ouvira falar mas que até então  só existia no puro estado de possibilidade: Deus.Esse ser todo poder e bondade que toma conta de nós. Deus é simples e concreto quando abrimos o coração.
    Foi o que me seduziu  neste livro.  Um vôo para  Deus. No início, foi difícil para nossa aventureira, com toda aquela história de culpa e depressão, mas foi tamanha a sua capacidade de entrega que alçou vôo e planou como uma gaivota  sobre o mar.
    Ela é dotada de um forte impulso para a mudança e estendeu  sua  busca  para círculos sociais e culturas  radicalmente diferentes  de sua cultura natal. Seguiu  a intuição  e fez das viagens  espécie  de iniciações  onde  foi em busca de respostas para suas questões.
    O pensamento  moderno é predominantemente  materialista e não tem muita boa  vontade para com a fé. Não é à toa. As religiões, com sua profusão de traços culturais e engodos  propositais, não são propriamente  o paraíso da sensatez. Privilégios sacerdotais, guerras sangrentas, sede de poder são um pequeno resumo de quanta  loucura as religiões produziram.São despotismos, arbitrariedades e mentiras que suscitam questionamentos muito naturais. Sou a primeira a tirar o chapéu  para a coerência desses questionamentos. No entanto, misturar  Deus com essa confusão é contaminar  uma boa questão com uma resposta tola. Deus simplesmente é. As confusões,  somos nós que fazemos.
      Comer, rezar, amar também  poderia se chamar a história  de como a evolução e a  modernidade não estão em contradição com fé.Estadia num Ashram,  técnicas de meditação, amizade com um xamã polinésio são alguns  dos  temas das aventuras. Experiências vividas  com  alma e confiança por alguém que descobriu um banquete espiritual e bebeu e comeu obtendo uma cura profunda, saudável e duradoura.Não, não é tão difícil assim. Também não é preciso  viajar para a  Itália, nem  India, nem Polinésia. A Divindade está  sempre aqui  mesmo  onde nós estamos.É só querer,  "ter olhos de ver e ouvidos de ouvir". A viagem da fé pede um certo fôlego, mas não é inviável. Dentro de nós todos os veículos, portos e estações.

Comer rezar amar
Elizabeth Gilbert

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