quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Nos portais do Sagrado Feminino

                 

                   Sábado recebi uma notícia que representa mais uma dádiva  entre tantas  que a vida  me tem oferecido. Bobo de quem não acredita que  os Deuses velam  por nós  e lá  do alto do Olimpo  cuidam  com desvelo  e amor das nossas  necessidades.  Estava no terreiro cambonando quando minha casa espiritual  ofereceu-me  a possibilidade  de fazer mais um recolhimento. Sem dúvida, foi um presente que meu coração atraiu  para ajudá-lo  no seu momento de expansão. Ultimamente a vida tem me estimulado  a acelerar meus  passos   e    superar a tendência de permanecer na zona de conforto.
                   No início de 2011  já estava pensando  naquelas horas todas  em que eu ficaria  tomando sol e lendo um romance  à beira da piscina. Puro engano. Meu pedido de aposentadoria foi  indeferido. A lei que fundamentaria meu pedido de aposentadoria era composta de cinco pré-requisitos. Eu só consegui cumprir  quatro. Adiei as tardes à beira da piscina  para enfrentar mais uma temporada  de trabalho. Me atarefei  até a raiz dos cabelos, em parte com o trabalho  e muito mais  com alguns cursos  que precisei fazer  para  apoiar  aprendizados  que se faziam   mais que necessários  na minha vida. Quase caí numa fossa  de decepção  e nervosismo  achando  que não daria  conta dos desafios.Respirei fundo e enfrentei. Tenho vivido num dia-a-dia  movimentado enfrentando tarefa por tarefa. Consegui progressos consideráveis. É bom demais cantar uma canção do princípio ao fim quando há três anos eu nem cantava.  A saúde está legal. E a casa....bem, a casa é um capítulo especial no qual estou vivendo um intenso trabalho comigo mesma. Os progressos podem parecer pequenos, mas me deixaram muito feliz. Sob o ponto de vista do externo  pode até serem  coisas  muito fáceis  ou banais  que as pessoas  de um modo geral, conseguem  fazer  muito bem. Não importa. Para mim tudo  é muito grande  e  significativo porque  foram limites  que superei dentro de mim.
                   Me  sinto nascendo  de dentro de mim mais uma vez.Um novo ser  que  estende os braços, abre os olhos e procura a luz. E com ânimo renovado  para continuar  com o dia-a-dia  cheio  de  tarefas  e  aprendizados. Vou   recolher-me juntamente  com mais  sete irmãos. Começamos os preparativos: Inúmeras reuniões, compras intermináveis,  um monte de pequenas tarefas  e detalhes a observar. No entanto,  estou de braços dados com  a  confiança. Sei que faremos  um bom  trabalho  assistidos  pelo amor de nossos  mentores, guias  e pelos nossos  Sagrados Orixás.
                   É espantoso como  pequenos  e grandes milagres acontecem   a toda hora. Um recolhimento  é como uma  chuva de bênçãos  fertilizando  nossa vida  e nossos projetos  e nos dando força espiritual  para  continuar nossos  caminhos.
                   Um recolhimento de roncó é um ritual iniciático com as  seguintes  características: Ficamos num quarto rústico e simples (apenas um cômodo e dois banheiros). Dormimos sobre esteira de sisal e bebemos  água de moringa. Só podemos  usar roupas brancas  e somente outros  médiuns  da nossa casa de Umbanda,  podem entrar neste cômodo.Recebemos nossos  alimentos ali e nos mantemos em oração e meditação. Nestes três dias,  afastados da agitação da vida material, recebemos imantações provenientes do plano astral e vibrações de consciências  evoluídas, que vivem além do plano físico.
                   Há muitos boatos e comentários  equivocados a respeito  desta  prática.Comentários estes, contaminados de medo ou maldade. Certa vez alguém perguntou-me  se ficávamos  inconscientes  durante  os recolhimentos. Não! pelo contrário,  precisamos ficar  mais  conscientes do que nunca,  trabalhando   com a  espiritualidade  novas diretrizes  para nossa vida.
                   Como todos sabem,  o sagrado  feminino  é  extremamente  demonizado. Em toda  a sua  história tem sido alvo de denominações absurdas e acusações  injustas, autoritaristas e violentas.  Os  recolhimentos de roncó  então...atraem os comentários  mais virulentos. Nem é bom falar. Deixa pra lá. Meu post não se destina a combater estas  distorções. Muita gente não sabe o que faz, muita gente não sabe o que diz. Usar minhas palavras para  expressar  a minha experiência com o Sagrado Feminino. Isso sim! Quanto apoio, amor, compreensão encontrei no abraço dos irmãos, nas  bênçãos do pai, na palavra das entidades.
                   Quem procurou  seus templos  com sentimentos positivos  e o coração  aberto para dar e receber amor deparou-se com uma das experiências mais gratificantes da vida. Encontrou  uma  fonte  inesgotável de conhecimento  e crescimento  em todos os sentidos: espiritual, moral,  emocional, intelectual, material.
                    É bem expressiva  a sequência  do livro  "O código  Da Vinci", quando o personagem  Robert Langdon cai de joelhos no lugar onde ele acreditava estar o corpo de Maria Madalena. Embora  eu   não me julgue  em condições  de endossar  o  texto de Dan Brown  enquanto fatos,  aplaudo  as  simbologias  sobre a exclusão  do feminino  na civilização ocidental. 
                    Diante dos portais do Sagrado Feminino não  há palavras. É ajoelhar e agradecer. Axé para todos.

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