segunda-feira, 22 de abril de 2013

Retalhos de sonhos

     


        Estou   dando umas voltinhas  nos Estados Unidos e vendo o astral por aqui. Muito bom tocar algo que para mim sempre foi distante e meio imaginário. Sempre vi e ouvi montes de coisas que estimularam minha imaginação  e embora tivesse vontade de  vivenciar, não fiz grandes movimentos para isso. O movimento não veio assim de repente não. O meu caso é que nos últimos anos, tenho me sentido meio caipira, muito presa num mundinho resumido, indo de Jacarepaguá para Marechal Hermes  e vice-versa. E para aumentar  a mesmice,soam os bordões das kombis e das vans  informando o percurso aos candidatos a passageiros; Praça Seca, Luis Beltrão, Guanabara, Marechal. Cansativo, né?  Então, viajar para os Estados Unidos me pareceu um bom desafio, uma maneira divertida de procurar novas coisas fora dessa rotina.
        Não sei bem porque, mas tanto o Brasil quanto os Estados Unidos resolveram me presentear pela viagem. No Brasil a agência de turismo tinha um jeito estranho de atender pela internet. Passei dias e dias em frente ao computador. USA me brindou com uma penca de documentos e formulários,uma espera interminável no setor de imigração, e muita correria pelo aeroporto procurando o portão de embarque para fazer a conexão. Tudo bem, faz parte da aventura.
       Estou em San Diego, uma metrópole toda organizadinha onde o povo é  simpático e bem educado.
       Ontem visitei Los Angeles com Hollyood, Venice Beach e Santa Mônica Beach. Na calçada da fama, fotografei freneticamente todas as estrelas com os nomes que sempre bateram nos meus olhos ou ouvidos. Algumas pessoas comentaram que a calçada da fama não tem nada demais, que é uma bobagem, que as estrelas estão sujas etc e tal. Talvez  seja isso mesmo. É bem possível que eles  estejam certíssimos e eu não vou discutir. Só sei dizer que pra mim  a calçada   é interessante. As estrelas de cinema  são ícones de uma magia especial, pois sou vidrada em cinema. Sidney Poitier, claro, é uma pessoa como qualquer outra que faz xixi, cocô e tudo mais. Mas as cenas de Ao Mestre com Carinho estão gravadas em mim, quase como um carimbo. São doces lembranças. Eu fotografei as estrelas em homenagem a tudo aquilo que sinto quando entro na sala escura e espero pelas imagens que vão me transportar para um mundo feito de emoções, fantasias, sentimentos diversos, lembranças, reflexões e outras imprevisíveis possibilidades. As estrelas na calçada são momentos únicos onde Steven Spielberg  ou  Alfred Hitchcock estiveram ali. É como um ponto interceptando o fluir de um tempo e de um espaço que de outro modo não seria atravessado nem marcado.

       Também achei bem curiosa aquela mistura do célebre e do anônimo, do glamour e da vulgaridade, do sonho e da  realidade passeando pela calçada. Será Hollyood Boulevard uma rua como outra qualquer? Pode até ser.Porém os fragmentos de sonho pairam no ar e todos nós  os disputamos com vontade. Quem consegue a maior fatia? Mas eu não tenho mesmo uma resposta. Quem sou eu né?  Tratei de disputar as porções de sonhos disponíveis.  Afinal, quando se trata de sonho é  melhor pegar a oferta do que torcer o nariz porque não é de grife. Objetos materiais podem ser interessantes por encherem os olhos e serem palpáveis. Mas os sonhos, vagos  e fugidios, podem até serem desprovidos de grandes projeções materiais. Quem sabe a substância e o  combustível do sonho é muito mais o  querer e o investimento do sonhador do que elementos concretos?




quinta-feira, 7 de março de 2013

Elites desesperadas golpeiam direitos humanos

                    Acabei de constatar, estarrecida, que o deputado  Pastor Marco Feliciano ( O nome dele sempre aparece com Pastor à frente, como se fosse um título,  e olha,  não sou eu que vou tirar o título do homem) vai presidir à comissão de direitos humanos da câmara . É de se ver as pérolas que são os  discursos dele: homofóbico assumido, me saiu com os argumentos mais disparatados para defender seus pontos de vista retrógrados. É raro um tamanho monumento à burrice. Não é que o homem foi aprovado  para Presidente da Comissão de direitos humanos? Ele não tem a menor noção do que vem a ser  direitos humanos.
                   Mas  no fundo dessa lama toda,  há uma boa notícia.  Postaram no facebook ( Minha amiga Creuza S. Figueira)  um pronunciamento do deputado  Domingos Dutra insurgindo-se contra a nomeação de Marco Feliciano  e  comunicando sua renúncia à presidência. Neste pronunciamento Domingos Dutra cita uma série de conquistas e  lutas desta comissão onde   são  defendidos  direitos de várias comunidades tradicionalmente excluídas na sociedade brasileira ( negros, índios, gays, prostitutas, ateus, adeptos dos cultos dos Orixás, quilombolas, perseguidos da ditadura militar etc). A boa notícia? Pode ser que eu esteja sendo otimista demais, mas eu parto do seguinte princípio: Não foi essa nomeação um ataque? Com certeza foi, uma vez que a precariedade  do  "não pensamento" de Marco Feliciano  não passou despercebida de toda a Câmara.  Vai  ver que, no desespero para destruir algo que estava sendo eficaz, certeiro e produtivo, investiram logo em algo totalmente desarticulador e desagregador para que não restasse nenhuma esperança  de questionamentos que incomodassem   os fortes interesses elitistas que vigoram  no Brasil.
                  É, desta vez os direitos humanos levaram uma traulitada segura e provavelmente vai ser difícil segurar o baque. De ganho ficou o alerta do quanto  um movimento pró direitos humanos é importante. Acho que serve para todos nós que andamos perdidos e confusos, querendo  ajudar  na melhora do Brasil e sem  contar com uma boa proposta. Talvez direitos humanos seja uma bandeira bastante profícua para o Brasil.

sexta-feira, 1 de março de 2013

Rio de Janeiro na UTI

              1º de março, aniversário do Rio de Janeiro. Os jornais, a tv, portais da internet e murais do face salpicados de inscrições de parabéns sobrepostas às imagens do Cristo Redentor. Estará o Rio de parabéns?Por ter sobrevivido  às enchentes?  aos tiroteios? às mortes por balas traçantes? à proliferação das favelas? à especulação imobiliária? às cracolândias?
                Parabenizo  aos moradores  do Rio por conviver  pacientemente com a depredação, o abandono e o descaso  em relação à paisagem e ao ser humano.  O Rio é um paciente enfermo que necessita  de políticas de moradia, de transportes, de saúde, educação. E isto só para abordar o que é primordial. Faltará ainda trazer para a cidade  todo o progresso que anda aí pelo mundo. Quando digo  "cidade", por favor entendam: Todos os habitantes de todas as classes sociais e de todos os bairros, não somente para um grupinho  social e economicamente favorecido, nem somente para a zona sul.  O Rio de Janeiro é totalmente merecedor dos recursos modernos  e inovadores  em todos os serviços  e campos da atuação humana. Mais uma vez, deixe-me frisar: Rio de Janeiro, quer dizer, todos os habitantes  de todos os bairros e classes sociais (só não menciono favelas porque acho que elas não deveriam existir).
               Nosso amor por nossas raízes, aguenta e continuará aguentando  as verdades horrendas que formam o Rio de Janeiro. Mas por favor, paralisar uma câmera fotográfica  sobre um único ponto e congelá-lo infinitas vezes, para fazê-lo representar  toda uma cidade  é uma mentira,  é explorar o Corcovado  além do que a realidade permite. A cidade não se resume ao Corcovado e ao Pão de Açúcar. A linda foto  do Cristo de braços abertos, mostra a beleza ou esconde a feiúra? Incomoda-me olhar a bela estátua e pensar nela como um esconderijo para tudo o que não saiu na foto. Asim, o Corcovado, é o negativo do Rio verdadeiro, fica sendo uma mentira que se espalha por quilômetros e quilômetros  ao redor dos seus pés.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Nossas mochilas

           Conheço uma lenda que aborda os riscos e as possibilidades da palavra: Um senhor  manda seu escravo ao mercado buscar a melhor coisa do mundo. O escravo traz língua.Logo após o senhor manda o escravo buscar a pior coisa do mundo. Novamente uma língua. Como assim? indaga o senhor. O melhor e também o pior? Então o escravo começa a argumentar: A língua transmite conhecimentos  que geram sabedoria e amor. A língua produz textos de profunda beleza filosófica que transportam para o papel  trechos iluminados da alma de seus escritores. A língua registra as lições dos colegiais, as quais, ao longo dos anos, passam de rascunhos apressados a profissões e realizações maduras. Na tradição oral encontramos as suaves canções de ninar que são como a terra e a água para fazer desabrochar o pequeno ser. Enfim, desde os bate-papos informais até as parábolas dos avatares, a palavra é como sangue correndo nas veias da civilização e do progresso. Ah! mas tudo tem seu verso e reverso, e a palavra não escapa. Tem sua face sombria: As pequenas mentiras para as pequenas traições. As mentiras dos políticos e demagogos em geral  para enganar o povo e as comunidades numerosas. As mentiras das juras de amor que escondem no mel dos sussurros os gérmens da decepção e da dor. Palavras arrogantes e desdenhosas dos embotados  que julgam o que nem conhecem.
            Esta lenda ocorreu-me porque andei recebendo uns insultos. Experiência estranha.É claro que não é a primeira vez. Como já me envolvi em conflitos, já recebi pela cara agressões, xingamentos e categorizações nada lisonjeiras. Também já emiti meus torpedos, diga-se de passagem. Mas desta vez foi diferente, dirigi-me a pessoa educadamente. Inesperadamente, recebi em  troca adjetivos desqualificadores e estúpidos. Vixe! Assim, foi a primeira vez. Fiquei bastante confusa e morta de raiva. Passados os primeiros momentos as indagações vieram. Eu só me perguntava porquê? porquê?porquê? O que existiu  ou existe em mim que levou a pessoa  a  me ver daquela forma? Penso que talvez alguma característica minha esteja contribuindo  para uma imagem tão pejorativa sem que eu me dê conta.
            Atuais tendências de pensamento dizem que não há acaso no cosmos e que tudo o que nos chega, foi atraído por nós.  Passados os momentos de estupefação e raiva,  deu pra começar a pensar. Não tenho dúvida de que atraí a ocorrência. Não sei muito bem como. Muito provavelmente as respostas chegarão com o auto-conhecimento. Pode ter sido bem desagradável, mas vou aproveitar para aprender e crescer..Participante desta humanidade doente, também carrego minha mochila de mazelas. Minha mochila não pára quieta. O tempo todo é muito remexida, revirada,, arrumada, desarrumada. Esta bagagem de sentimentos, sensações, impressões é rica e preciosa. Pra começar não contém somente as porcarias, também é composta de muitas coisas boas, interessantes, generosas e belas. Crescer é aprender a conviver com as confusões e contradições que sacodem a mochila. Gozado, às vezes enfio a mão lá dentro querendo pegar uma alegria  e pego uma tristeza. Às vezes pego bichinhos  estranhos que picam como marimbondos.Às vezes trago poemas fraternais, canções de amor, nacos de perdão que eu nem sabia que estavam lá. Na minha mochila ocorrem  alquimias incríveis, coisas de Deus e do demônio. Pode parecer esquisito, mas viver é isso mesmo.É cuidar desta bagagem que somos nós vivos, atuantes, agentes, reagentes e tudo o mais que nos cerca e representa  os mais diversos estímulos. Ninguém escapa da sua mochila. Ela faz parte de nós até a medula. Não é tão mau se entendemos a sua linguagem e o seu modo de operar. Crescer é fácil ou difícil? Não sei dizer. Crescer é crescer e nada substitui crescer.
              Sei que não carrego a minha mochila com a leveza de uma bailarina nem com a destreza de um atleta. Mas a localizo bem nas  costas e mantenho o equilíbrio . Respeito a hora de parar e de pedir ajuda. Desta vez enfiei a mão lá dentro e puxei uma fatia de compreensão para comigo e para com o outro . E veio também um imenso tecido de fé, perdão e confiança no criador onipresentemente presente em nossas vidas que nos conforta e nos mostra o horizonte  infinito quie se prolonga numa fonte de dádivas. Veio também um aviso para prestarmos atenção, porque muitas vezes alguns conteúdos da mochila arreganham a fuça como serpentes mas não passam de inofensivas e tolas minhoquinhas.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Paul MacCartney and drought in the Northeast of Brasil

              Wound and shriveled hands, broken nails and covered in dusty of the ground, disheveled hair, withered skin. Covering his face with hands and  hesitant  in his speech he whimpers.  Cries for God, because he lost the strength to call. His silhouete, the crached  ground, ghostly shrubs of dry branches are the landscap. He is a peasant from Northeast of Brasil giving testimony to Globo News TV journal.  In some places on Northeast drought is overwhelming. On the ground, the maps of cracks is eerily interrupted by carcasses of ox. Old and  repetitious scenario of television, reports, magazines, documentaries, fiction. Any kind of novelty. We do not believe we're still seeing that after so much  globalization, zero hunger project, surge in growth. The discourse of modernization being adopted with vehemence and drought destroying crops, livestock, people. The drought has not guilty of anything. The behavior of nature in the place is fully known and very predictable. the carelessness is the absence of mesures, resources or tools able to interfere modifying natural agents. In the era of industrialization, difficult to believe that there are no tools or technologies to ensure  survival in period of drought. Technically, the solution is also relatively easy  and financially  feasible. It may be challenging to  create and think about solutions, but talent is not lacking in Brasil. And then I start to wonder whay this huge and shameful delay persists in Brasil.

                Next emission: Dark brown hair falling in fringe, framing a pretty  and charming young face. Silky and shiny skin, melodious and very fiine voice.The guitar seems to be part of the body so well it matchs with the person. How much charm and seduction! Next take: A 70 years old man not so rousing, but no less charming, no less brilliant. Following the images  of TV journal, my text goes from drought  to Paul McCartney. Wonderful  the human spirit  witch can feel, think, learn, teach, work, dream, establish goals and objectives. It's a pleasure to see someone intelligent, mature, healthy, creative and active. The human being is a piece of God and able to work wonders, transforming themselves and  the world for the better. That's how we figure in the   plans of  God, who drives and invites us  to evolve.

                 I was brooding about drought  and to understand  the delay in the Northeast  and Paul McCartney was the answer. Wait, I'm going to explain. Look where I want to get: Caring  for the issue  of drought is caring for the environment. Carin for the environment is to bring information  to people. Information  relating to health. Health and education are  deeply  associated factors. Therefore the pair school and hospital will be inevitable. If there is school people learns to read. If people learns to read they will come into contact with ideas, to question , discover,  evaluate  and identify  imbalances. they understand  they are being  injured, they begin  to complain and the  next moment they articulate  their complaints. There  is a trend coming and it may  ask less distortions in resources distribution. Nothing  interesting for the privileged  caste  of richs  Northeastern , isn't it?

                 How much power exists  in educated  intelligence , in talent elaborate! Beautiful the image of Paul  McCartney! A being  full-blown,  lush, creating a lot, breaking  conventions,  chanching  the world. This is  what  happens  when  basic needs are no longer  a concer. Have we considered the Northeast with no environmental  or socioeconomic problems? Have we considered Mrs. Evolution installed  and releasing  the potential of production and creation of the people? What  space  would be left  to the privileges , landholdings  and  imbalances? Imagine if peasants  who  until yesterday could only wail, go around  resourceful   and uninhibited,  saying  whatever  they want  and understanding everything. If  they go  out  singing,  dreaming  and  making  dream,  inventives  and  proposing  new solutions,  head swarming  with  original  ideas.  Yeah......Colonel privilege , certainly  would scratch his lices.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Paul McCartney e a seca do Nordeste

         Mãos feridas e encarquilhadas,  unhas quebradas e sujas de terra, cabelos revoltos, pele  ressequida. Cobrindo o rosto com as mãos e engrolando a fala ele choraminga. Clama por Deus. Ou melhor, reclama por Deus, pois já perdeu  as forças para clamar. Sua silhueta compõe a paisagem  junto com  o solo rachado e fantasmagóricos arbustos de galhos secos.

          Ele é um camponês  do Nordeste do Brasil dando depoimento  ao jornal da Globo News. Em alguns lugares do Nordeste a seca está avassaladora. No chão,  o mapa de rachaduras é sinistramente  interrompido  por carcaças de boi. Velho e repetitivo cenário de reportagens de TV,  de revistas , documentários, ficção. Tão sem novidade que a gente nem acredita  que ainda esteja vendo aquilo  depois de tanta  globalização,  tanto fome zero,  tanto surto de crescimento.  O discurso de  modernização  sendo adotado com fervor e a seca destruindo  a   lavoura, o gado, as pessoas. A seca mesmo não tem culpa de nada.  O comportamento da natureza  ali  é totalmente conhecido e muito previsível.  A displicência e a falta de cuidado  está na ausência  de  medidas,  recursos ou instrumentos que interfiram  modificando  os agentes naturais. Em plena era da industrialização, não dá para acreditar  que não  haja ferramentas  ou  tecnologias  para garantir a a sobrevivência no período de estiagem.  Tecnicamente  a solução é relativamente fácil e financeiramente  também é viável.  Pode ser que dê trabalho  criar e pensar,  mas talento é o que não falta no Brasil. E então eu comecei  a me perguntar porque este enorme e vergonhoso  atraso perdura no Brasil.

      Próximo programa. Cabelos castanho escuro caindo numa franja basta, emoldurando um rostinho jovem e encantador. Pele sedosa e brilhante, voz melodiosa e afinadíssima. A guitarra parece  fazer parte do corpo de tão bem que fica ali. Quanto charme, encanto e sedução! Corte da câmera.  Senhor de 70 anos já não tão eletrizante, porém não menos charmoso, não menos brilhante. seguindo as imagens da Globo News, meu texto  foi da seca para Paul McCartney. Maravilhoso  o espírito humano  capaz de sentir, pensar,  aprender,  ensinar,  trabalhar,  sonhar,  estabelecer  metas e objetivos. Dá gosto ver alguém inteligente, maduro, saudável,  criativo e atuante. O ser humano é um fragmento de Deus e   capaz  de realizar maravilhas, transformar a si  e ao mundo  para melhor.  É assim  que a gente figura  nos planos de Deus, que nos impulsiona e nos convida a evoluir.

      Eu estava encafifada querendo entender o atraso do Nordeste e Paul McCartney foi a resposta. Peraí, eu explico! Veja onde quero chegar: Cuidar da questão da seca é cuidar do ambiente. Cuidar do ambiente é levar informação às pessoas. Informações dizem  respeito à saúde. Saúde e educação são fatores  profundamente associados. Por  conseguinte o par  escola e hospital será inevitável. Se tem escola as pessoas aprendem a ler. Se aprendem a ler vão buscar livros e entram em contato com idéias. Aí começam a futucar as próprias idéias, a questionar,  descobrir,  avaliar e identificar  desequilíbrios. Entendem que estão sendo lesadas,  começam a reclamar e no momento seguinte articulam  as reclamações.  Aí é a evolução chegando e ela pode  pedir menos  distorções na distribuição de recursos. Nada interessante para a  casta de privilegiados do Nordeste, não?

        Quanto poder  existe  na inteligência  educada,  no talento burilado! Figurinha linda a do
Paul McCartney! Um ser desabrochado, exuberante, criando a todo vapor, arrebentando  convenções, mudando  o mundo. É o que acontece quando as necessidades básicas já não  são mais  preocupação.  Já pensou o Nordeste sem problemas  ambientais ou sócio-econômicos?  Já pensou  Dona Evolução instalada liberando  o potencial   de produção e criação  do povo? Que espaço sobraria  para  os privilégios, latifúndios e desequilíbrios? Imagine se camponeses que até ontem  só podiam  lamuriar-se,  saem por aí  destabocados e desinibidos, falando  o que bem entendem  e entendendo tudo. Se saem cantando,  sonhando,  e fazendo sonhar, inventando modas,   propondo soluções novas,  cabeça  fervilhando  de idéias originais. É....Coronel   Privilégio  ia coçar os piolhos.

ruído

Caminhar  descalça no deserto
apenas uma leve manta no dorso
pés sem proteção
coração enrolado numa névoa crespa
batendo ao ritmo de mil interrogações
engolindo medo e raiva
e essa história
misto de tédio e cansaço
um ruído quieto corroendo a 

paz do meu silêncio