segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O admirável mundo novo _ Ainda atual

                      Tempo de ler e tempo de reler. Li o admirável mundo novo  há mais ou menos 20 anos e confesso que não entendi muito aquele misto de discurso  científico e social.
                      Fiquei agradavelmente  supresa  ao relê-lo agora. Leve. Fácil. Desce redondo. O autor é um mestre para criar situações interessantes. Um olhar perpicaz  sopbre os desencontros da vida moderna. O maya nosso de cada dia.A tecnologia competindo (e ganhando) com a alma. A exclusão social. A fuga pelas drogas. Um romance breve para deixar  o fim-de-semana tinindo de bom. Olha só os nomes dos personagens: Henry  Foster,  Polly Trotsky, Bernardo Marx. Semelhança  com pessoas  vivas ou mortas?  Claro que não é mera coincidência.
                      Talvez  não seja  uma  obra prima, mas é original  e bem desenvolvido. Texto claro  e objetivo,  sabe dizer o que quer. Não é uma abordagem para revolver as entranhas da civilização mas diverte e faz pensar.
                      Destaquei certos  trechos que ao meu ver, informam  porque o livro faz sucesso:

"__Simplesmente para lhes dar uma idéia  de conjunto __explicava-lhes. Porque era preciso,  naturalmente, que tivessem  alguma idéia de conjunto para poderem  fazer seu trabalho inteligentemente ___mas uma idéia  a mais  resumida possível,  para que  se tornassem membros  úteis e felizes da sociedade. Porque  os detalhes,  como se sabe,  conduzem  à virtude  e à felicidade: as generalidades são males  intelectualmente necessários. Não são filósofos, mas sim colecionadores de selos  e os marceneiros  amadores  que  constituem  a espinha dorsal  da sociedade."

Nem quero comentar muito. Tudo bem objetivo. O desejável era que todos fossem o mais  idiota possível. Ô loco.


Comentar pelo começo

Aula do DIC de Londres(Diretor de Incubação e Condicionamento) ministrada  aos seus  jovens alunos condicionados.

"__Vou começar pelo começo __disse o DIC, e os estudantes  mais aplicados  anotaram  sua  intenção no caderno: "começar pelo começo" __Isto__agitou a mão__ são as  incubadoras."

Os estudantes era completamente  idiotas. O condicionamento era devastador. Me dá um frio na espinha pensar que as ilusões da vida andam soltas e  há interesses em investir  no lado vulnerável  das pessoas. Não fosse isso, seria hilário, não?


Bernard Marx

"No elevador em que subiam  para a rouparia,  Henry Foster e o  Diretor Adjunto de Predestinação deram um tanto ostensivamente as costas a Bernard Marx, do Gabinete de Psicologia: desviavam-se daquela reputação desagradável."

Bernard Marx era diferente fisica e emocionalmente. O boato era que tinham posto  (indevidamente) álcool na proveta onde ele fora gerado. Ele  tinha  uma espécie  de "defeito de fabricação" que o deixava com características individuais,  o que era horrível naquela  sociedade. Nem por ser mais pensante e menos alienado desfrutava  de mais prestígio ou era mais feliz. Fugia do padrão e não  tinha valor  como  indivíduo. Sentia-se excluído  e criticava todo mundo  mais por inveja  do que por dissidência. No fim, revela-se um vermezinho.


Ritual do dia  de Ford

"O Presidente fez de novo o sinal do T e sentou-se. A cerimônia tinha começado. Os  comprimidos  de soma consagrados  foram  colocados  no centro da mesa. A  taça da amizade,  cheia de refresco  de morango com soma, foi passada de mão em mão e,  com a  fórmula  "Bebo ao meu aniquilamento",   levada  doze vezes  aos lábios. Depois,  com o  acompanhamento da orquestra  sintética,  cantaram  o Primeiro Cântico de Solidariedade.

"Nós somos doze, ó ford; em tuas mãos reunidos
Como as gotas que caem  do Ribeiro Social;
Ah! Faze  com que corramos destemidos
Como teu Calhambeque sem rival!"

É que Ford era a divindade. Credo! Apesar dos pesares, ainda não chegamos aí. Ou chegamos?

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