sexta-feira, 19 de agosto de 2011

O sol é para todos

                            

                     Imagine o que é estar na escuridão. Um breu mesmo. Andamos,  andamos  e batemos  com o nariz na porta. Mudamos  de direção e a cabeça vai de encontro à janela. É uma triste  situação chamada desorientação.Pode acontecer com qualquer pessoa.
                     Como Deus não nos deixa sozinhos, surge sempre uma lanterninha ou uma lâmapada iluminando a saída . Às vezes até um holofote. Não é muito raro que estes momentos  sejam meio mágicos. como se algo até então submerso viesse à tona de repente. Tudo parece uma feliz coincidência. alguém menciona algo que estremece uma fibra dentro de nós,  assim como ligar dois fios  e completar um circuito. Carl G. Jung denominou este fenômeno de sincronicidade.
                      Certo dia caminhava eu por um trecho  bem escuro da minha estrada, luzes fugidias  como faróis noturnos mal iluminavam ao redor dos meus passos. Eu tropeçava muito e só continuava  por uma insistente vontade de viver. Julgava que a luz do sol tinha se ausentado e não entendia muito bem porque ela me negava seus raios. Eu pensava assim nesse tom lamentoso. Deturpava por assim dizer. Foi aí que eu topei com um livro inteligente e bem elaborado.





Dificuldades minhas. O sol não tinha nada a ver com isso. É mais fácil culpar o sol quando queremos fugir da nossa sombra. Encarar a sombra é uma espécie de missão, o objetivo topo de linha  para a vida.
                    Quem me ensinou  foi a astróloga inglesa Liz Greene  no livro  "astrologia do destino".  Suas  conclusões não são inéditas. De certa forma, todos que abordam  crescimento emocional ou espiritual estão falando sobre sombra.
                    Mas  não é de sombra e água fresca não. É verdade  que nos dias de calor é gostoso ficar à sombra, mas do frio da nossa sombra interior, a  gente foge à mil. Somos bem insistentes nisso. Como diz o provérbio, fugimos mais da sombra do que o diabo da cruz. Queremos negar  certos demônios  encarapitados dentro de nós. Ilusão.  quanto mais os evitamos, mais eles parecem  grandes e ameaçadores.
                    Este toque foi de grande importância para mim. A sombra  é tudo aquilo  que rejeitamos dentro de nós (nosso pior e nosso melhor). O que a gente alega ser do vizinho, da mãe, do professor, enfim, do outro. E aí a gente vê que é nosso, é nosso, é nosso. Perpetuamos as dificuldades embrenhando  a sombra no inconsciente. Resultado:  aumento da insatisfação e das complicações.
                    Além de astróloga Liz Greene também é uma sábia pensadora. Seu estilo de fazer astrologia nos ajuda muito neste trabalho difícil de lidar com nossa sombra. Neste livro, ela aborda inúmeros  mitos e arquétipos  que expressam  questões inconscientes.

                   Aqui está uma de suas  concepções:

                    "Cada signo  do zodíaco retrata uma jornada mítica. Contém um herói, e também envolve  a natureza do seu chamado  à aventura. Contém igualmente o ajudante que fornece a pista mágica, e o limiar da aventura; a batalha com o irmão, o dragão, a feiticeira; o esquartejamento,  a crucificação, o rapto, a jornada pelo mar da noite e a barriga da baleia. O objeto da saga  também está contido: o ser amado, o casamento sagrado,  a  jóia, a reunião com o pai, o elixir da vida. E também está contido a hubris ou o defeito  do herói, a natureza do seu fim  inevitável, tudo dentro da descrição aparentemente  simples de um único signo zodiacal."

                    Observando  os mitos  que encenamos,  aprendemos  muito sobre nós.

A astrologia do destino
Liz Greene
Editora Cultrix ltda

Título original:The Astrology of fate.                                                   

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