domingo, 7 de agosto de 2011

Três velhos amigos

            Sabe aquela travada  que a gente dá quando é para falar de nós? Comigo acontece muito. Nunca sei como começar  e logo surgem os livros. Sempre questionei por que é assim. Por que não uma ida á praia, uma festa, qualquer coisa desse gênero. Não, nada disso. São os livros que vêm. Até fico me achando meio enfadonha. O que mais tenho na minha casa são livros. Talvez isso não seja muito divertido para as visitas. Enfim, é a minha casa e é assim  que me sinto bem. A história  da minha vida  é uma  história de livros (bem que eu gostaria de uma história  de aventuras bem vividas, como conhecer o Brasil inteiro, almoçar no Café de la paix ou escalar montanhas. Mas as coisas não acontecem assim.)

A cultura familiar  não oferecia muita informação.  Meus avós e meus pais estavam mais sintonizados com o século XIX do que com o século XX. Eu nasci ali  no final do século XX,  com o XXI já despontando. Ja viu, né? Era uma confluência estranha. Eu queria evoluir  para o século  XX para pegar o XXI e a cultura familiar era patriarcal.
Foi aí que a providência divina agiu. Graças a Deus tive a oportunidade  de ir à  escola e logo que aprendi a ler conheci  meus grandes amigos; os livros. Informação, lazer, orientação.  Grandes companheiros os livros.
Por que esta conversa sobre livros e família?

Tentando  dar um jeito na bagunça das estantes encontrei três velhos companheiros. Dois deles eram um só. Trata-se de duas versões para o livro  "Pequena história do mundo para crianças" de V. M. Hillyer. Um dos  exemplares é uma tradução de Godofredo Rangel publicada pela Companhia editora nacional, outra é uma adaptação  de Monteiro Lobato, que dá a Dona Benta a função de narradora. ela cumpre a tarefa muito bem reconstruindo  para a turminha do sítio, as peripécias do texto original. Ambos são agradabilíssimos.  Incríveis momentos  de sonho.  Eu ia da Babilônia  para a Grécia  e voltava para o Egito num  emocionante vôo supersônico).
A tradução foi  feita do original  chamado  "Child's  history of the world e a Child's geography  of the world " de V. M. Hillyer, diretor da Calvert  School from Baltimore. Ambos os livros tiveram donos anteriores. Creio  que "rolaram" em diversas mãos, pois num deles  há uma dedicatória de Rebeca  e  Zuna Schecht  para Brígida, datada de 16 de dezembro de 1941. Não tenho a menor idéia de quem são essas pessoas  ( em tempo, estes exemplares surgiram neste planeta  bem antes de mim).  E o outro pertencia ao Edson, um amiguinho daquela  época. O terceiro  é uma historinha de natal  que ganhei aos 12 anos. Quem me deu foi a Zezé. Era uma moça  tão simpática  e amável que nunca mais a esqueci.
Quantas histórias paralelas!
Só sei que eles estão comigo até hoje e vou guardá-los durante muito tempo. São belas recordações  que me ajudam a construir uma identidade.

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